2016 já chegou, mas ainda estou pensando nas leituras de 2015... E como escolher 5 ou 10 estava difícil, então parti para a apelação. (rs)
Bom, o fato é que 2015 foi um ano de leituras absolutamente incríveis e escolher somente 15 já foi bem difícil... muitos livros ótimos ficaram de fora... Sério, quero ter a mesma dificuldade o ano que vem. Eu poderia citar facilmente umas 30 melhores leituras, gente! Um ano memorável (ao menos neste quesito.)
Daí tive essa brilhante ideia (nada original, lógico. Muita gente linda faz isso!) de usar categorias. (Até porque colocar em uma ordem de preferência seria impossível! Haha).Vamos lá?
1. Clássicos
Esse ano li muitos clássicos e escolher três foi dureza...
David Copperfield tinha que estar na lista: um livro simplesmente memorável, eterno. Dickens arrebatou meu coração com essa saga e estes personagens incríveis e inesquecíveis! (A infância e as desventuras de David, as cartas do Sr Micawber, tia Betsey, a paixão de David, o capítulo da tempestade!)
O Homem que Ri do Victor Hugo foi outro grande clássico que amei muito ter lido e que me fez virar fã de vez do VH: o melhor começo de livro de todos os tempos e uma sátira da sociedade hierárquica inglesa como apenas VH conseguiria fazer! Isso tudo e Ursus e Gymplaine: personagens muito incríveis também.
Por fim temos
O Velho e o Mar... ah! o que dizer dessa história tão simples e tão singela, tão bela, tão bem escrita! Choro só de me lembrar. Hemingway em grande estilo; dessas obras que são tão especiais que ficam sempre conosco.
2. Livros escritos por mulheres
Aqui a injustiça foi grande, deixei muitas escritoras ótimas de fora; mas não pude deixar de escolher Virgínia, Ginzburg e Mary Shelley! Todas as três me marcaram demais com estas suas obras. Fico muito feliz que todas tenham sido objeto de leitura do
Fórum Entre Pontos e Vírgulas. Também li muitos outros livros escritos por mulheres que poderiam figurar aqui; muitos, inclusive, do Leia Mulheres. Aqui a escolha foi a mais difícil, acredito.
Lembro que ler Mrs. Dalloway me arrebatou; pensei que ia estranhar a escrita (o tal fluxo de consciência), mas fiquei foi abismada como Virgínia me ganhou desde o início e me conduziu de forma brilhante durante too o livro. Um livro para reler certamente!
Léxico familiar é daqueles livros tão incríveis que é difícil até de definir. Inovando na forma da escrita, Natalia nos conta parte da sua vida a partir do léxico que foi se criando em sua família; daquela linguagem que toda família constitui e que fala muito dessa história pessoal e de como ela está entrelaçada com a história social e política.
E o que dizer de Frankenstein? Uma obra prima do romantismo na qual Mary Shelley nos envolve nos dramas do Dr. Frankenstein e da criatura; por um lado acompanhamos essa necessidade do humano de criar, de grandeza e vontade de superação. Por outro lado, com a criatura e sua solidão a autora aborda os dramas da igualdade, da necessidade de afeto e da origem do mal no mundo.
3. Literatura Latino-americana
Em 2015 li poucos livros de literatura latinoamericana; mas ao mesmo tempo tenho a certeza de que li alguns dos melhores da vida. Os detetives selvagens, em especial, é um livraço para os amantes de literatura latino- americana!!! Imperdível, inesquecível; para reler, para debater poesia, história e literatura, para admiriar a capacidade da escrita do Bolaño... Enfim, realmente AMEI!
Ler o livro do Padura foi uma surpresa, pois, apesar da expectativa que eu tinha por conta do burburinho, O homem que amava os cachorros superou e MUITO minhas expectativas; com certeza uma obra para se tornar um grande clássico e Padura escritor amado!
Muita emoção vê-lo de pertinho na FLIP; minha admiração só cresceu! Para quem perdeu,
segue o link da entrevista super legal que ele deu sobre a escrita de O Homem e o uso de realidade na ficção.
E o Contar Tudo do Gamboa foi uma grata surpresa: livro muito bem escrito sobre a vida e a arte de escrever. Me lembrou muito a literatura do LLosa. Um autor para acompanhar de perto o Gamboa!
4. Contos
Não sou amante incondicional de contos; então, quando um livro de contos me ganha, ele o faz com louvor!
Os cavalinhos de platiplanto foi um dos livros de contos mais belos que já li na vida! JJ Veiga certamente me tirou do chão com esse livro: os grandes temas de sua obra são temas que eu gosto em várias obras, como: violência, solidão, crítica social. Porém o fato de que ele desenvolve essas temáticas com personagens, em sua maioria, crianças, explorando a dureza da realidade com um toque de fantástico e tendo como pano de fundo uma cidade pequena e pacata do interior dá uma dinâmica única aos contos. Um dos meus livros de contos queridinhos da vida.
Voltar a ler Lygia pelos contos também foi igualmente incrível e revelador; acho que a Lygia é muito subestimada pela crítica literária brasileira pois ela é uma puta escritora!
Gostei demais de muitos dos contos de
Antes do baile verde: livraço também! Histórias aparentemente simples que relacionam objetos, memória, dor e amor; mas cada personagem mais interessante que outro, cada sutileza na construção do enredo e na linguagem; e o que dizer dos títulos, dos finais de conto inesquecíveis? 10, nota 10 para os contos da Lygia!
Outro livro de contos que me ARREBATOU foi esse do Ronaldo Correia de Brito. Não conhecia o escritor ainda (uma pena, pois ele é incrível!) e acho que foi ótimo começar pelos contos.
Neste livro, a maioria dos contos é sobre amor e memória e, uma coisa que eu gostei bastante, o autor cria uma atmosfera muito específica e rica para cada conto. Em certos momentos há até um flerte com o realismo mágico. Mas o ponto forte é o quanto Correia de Brito nos envolve profundamente em poucas páginas com os dramas vivenciados. Mais um escritor brasileiro que quero ler as obras todas!
5. Surpresas
Aqui não tem para ninguém: melhor surpresa/lançamento do ano no Brasil de 2016 foi
STONER!
A Rádio Londres acertou em cheio em nos trazer essa obra prima da literatura. Um livro que é difícil de falar, pois ele é absolutamente simples em termos de enredo (a saber: a vida de Stoner, um professor universitário norte-americano que teve uma vida simples e pouco sucesso tanto na vida acadêmica quanto amorosa), mas incrivelmente soberbo no quanto o lçeitor se envolve, reconhece e experimenta o drama de Stoner.
Outra grata surpresa (que fica aqui como menção honrosa!) veio do México e da Rocco que publicou na coleção Otra Língua o livro
Cantiga de Findar do Julian Herbert.
Fiz um
vídeo para falar dessa leitura porque foi mesmo muito impressionante ler essa obra; auto-ficção, e os seus sub-gêneros possíveis, é algo que eu gosto muito na literatura contemporânea. Recomendo demais o livro do Herbert!
6. Distopias
Como não citar meu primeiro Saramago???
Sim, isso mesmo; eu, Denise M., 38 anos, leitora desde os 7... Eu nunca tinha lido uma obra do grande escritor português... Mas agora sou uma nova leitora! Haha
Bom, no quesito distopia mais redondinha, reflexiva e inovadora o Saramago certamente ganha. Já
O Homem do Castelo Alto ganha na capacidade de refletir sobre a história, o poder e a sociedade. Ótimo livro do Dick, e também meu primeiro do autor. ; )
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(O post deveria ter terminado aqui... Mas eu não aguento, gente!!!!)
Menções honrosas (ou como roubar um pouquinho, já que já foram 15! - Ops, 16, com o livro do Herbert! rs)
Biografias
Para quem acompanhou um pouco o meu Projeto Biografias, deixo aqui as três melhores do ano: Frida (excepcional! Tem que ler!), Tête-à-Tête (muito original, bem escrita e interessante. Afinal tem Simone de Beauvoir. ; ) e Modotti (uma bio em quadrinhos imperdível sobre a vida misteriosa da fotógrafa comunista Gina M; muito boa mesmo.).
PS: Sim, eu voltei!