***O texto abaixo contém spoilers muito leves!
Quando pensamos umas cinco ou seis maneiras falar um filme e todas elas nos parecem incompletas, invariavelmente é porque o filme é bom. Filmes ruins se resumem a descrições breves e não despertam mil e uma reflexões, rs.
Pois bem, tenho a dizer logo de início que Extremely loud... é um filme ímpar na capacidade de tratar de algo universal a partir de uma dor singular explorada sem excessos; um drama com dor e delicadeza na medida, atores inspirados e inspiradores e um ótimo roteiro (que agora descobri que é adaptado de um livro e já quero ler, lógico! : ).
Uma primeira aproximação do filme através da sinopse: a história se desenrola a partir da dor da perda de um ente querido sob a ótica de um menino de 9 anos que possui um tipo/grau leve de autismo (em algum momento do filme fala-se em síndrome de asperger*).
*Aliás, não é à toa que Oskar Schell, o nome do garoto, me lembrou muito Max (da animação mais linda de todos os tempos Mary e Max! Falei sobre este filme lindo aqui).
Um dos pontos altos de Extremely loud... é justamente a direção de Stephen Daldry; mais especificamente, a química da direção com o ator que interpreta Oskar Schell. As particularidades pelas quais o portador dessa síndrome passa (dificuldade em processar e em expressar emoções, baixa interação social e dificuldade de adaptação à mudanças, entre outros) são apresentadas sem estereótipos e com uma sensibilidade nada óbvia, o contrário arrasaria com o filme. A edição e montagem também merecem elogios (queria poder citar cenas, mas seriam spoilers imperdoáveis!: ).
Acredito que um bom drama comporta uma dose de realismo e de reconhecimento que apaga a distância, a separação, entre a realidade e a ficção (ainda que por breves momentos). O espectador (ou leitor) se identifica com o personagem e o drama vivido a tal ponto que as diferenças entre o personagem e nós mesmos são momentaneamente suspensas. A tela não separa, une. O sentimento que experimentamos não é o de um outro, mas é um ressoar daquela experiência dentro de nós.
Um bom drama não se limita, acredito, à roteiro, direção e atuação; ele se torna algo diferente da soma de todos esses elementos e ganha vida própria. Ele não se resume à situação apresentada e sua singularidade, mas ganha existência na percepção de cada pessoa que assiste o filme e se reconhece na tela, na humanidade e multiplicidade da dor, dos extremos da dor! Aquela que é sim demasiada quando vivida em isolamento, mas se torna indescritivelmente suportável quando compartilhada.
...Incredibly close - O título (que eu tb amei!) já chama atenção para essa proximidade e essa momentânea unidade advinda do encontro...
Através de um roteiro interessante nos transportamos gradualmente para um universo de dor que não é compreendido na sua totalidade à primeira vista, e nem poderia nunca. Onde faltam palavras capazes de enquadrar os sentimentos, sobra semelhança, identificação, pertencimento; este último tão caro à nossa capacidade de superação. Porque enquanto permanecemos "ensimesmados" na nossas dores, nos nossos arrependimentos, nos nossos mundinhos fechados; na terrível solidão de ser para dentro e não para fora, nesse lugar a dor é realmente indescritível e sufocante.... extremely loud!
Mas a ação, a possibilidade de olhar para além de si, a busca de algo inevitavelmente leva ao outro e à chance de perceber que a vida pode ser de constante superação e reencontro.
E isso pois a ação, o sair de si mesmo, leva não apenas ao conhecimento das diversas formas de lidar com dores, perdas, tragédias (a imensidão de vivências de dor); mas também ao encontro real com o outro; lugar onde a dor de cada um ganha uma nova dimensão.
Imperdível!
Beijos!
PS: Max Von Sidow é um dos atores que está muito bem no papel nesse filme; concorre hoje à noite ao oscar de ator coadjuvante e estou torcendo por ele! E Thomas Rorn, o menino que interpreta Oskar Schell, merecia um oscar de ator revelação, categoria que falta no oscar... ; )
PS3: O trailer também é melhor deixar para lá: esqueçam! kkk
Já vou procurar...
ResponderExcluirhttp://pitadabeauty.blogspot.com
Oi Denise!
ResponderExcluirJá fiquei com vontade ver, apesar de eu sempre evitar dramas... Sou chorona e facilmente perturbável. Heheheh. Se for muito triste eu não aguento...Hahahah
Bjos!
www.acasadepandora.com.br
Depois de ler essa resenha já procurei o torrent do filme! Muito boa, D!
ResponderExcluirBeijos
Paula, Ísis e Dáf,
ResponderExcluirdepois me contem se gostaram. Eu me emocionei!
beijos!