domingo, 26 de fevereiro de 2012

Extremely loud & Incredibly close



***O texto abaixo contém spoilers muito leves!

Quando pensamos umas cinco ou seis maneiras falar um filme e todas elas nos parecem incompletas, invariavelmente é porque o filme é bom. Filmes ruins se resumem a descrições breves e não despertam mil e uma reflexões, rs.

Pois bem, tenho a dizer logo de início que Extremely loud... é um filme ímpar na capacidade de tratar de algo universal a partir de uma dor singular explorada sem excessos; um drama com dor e delicadeza na medida, atores inspirados e inspiradores e um ótimo roteiro (que agora descobri que é adaptado de um livro e já quero ler, lógico! : ). 

Uma primeira aproximação do filme através da sinopse: a história se desenrola a partir da dor da perda de um ente querido sob a ótica de um menino de 9 anos que possui um tipo/grau leve de autismo (em algum momento do filme fala-se em síndrome de asperger*).

*Aliás, não é à toa que Oskar Schell, o nome do garoto, me lembrou muito Max (da animação mais linda de todos os tempos Mary e Max! Falei sobre este filme lindo aqui).

Um dos pontos altos de Extremely loud... é justamente a direção de Stephen Daldry; mais especificamente, a química da direção com o ator que interpreta Oskar Schell. As particularidades pelas quais o portador dessa síndrome passa (dificuldade em processar e em expressar emoções, baixa interação social e dificuldade de adaptação à mudanças, entre outros) são apresentadas sem estereótipos e com uma sensibilidade nada óbvia, o contrário arrasaria com o filme. A edição e montagem também merecem elogios (queria poder citar cenas, mas seriam spoilers imperdoáveis!: ).

Acredito que um bom drama comporta uma dose de realismo e de reconhecimento que apaga a distância, a separação, entre a realidade e a ficção (ainda que por breves momentos). O espectador (ou leitor) se identifica com o personagem e o drama vivido a tal ponto que as diferenças entre o personagem e nós mesmos são momentaneamente suspensas. A tela não separa, une. O sentimento que experimentamos não é o de um outro, mas é um ressoar daquela experiência dentro de nós. 
Um bom drama não se limita, acredito, à roteiro, direção e atuação; ele se torna algo diferente da soma de todos esses elementos e ganha vida própria. Ele não se resume à situação apresentada e sua singularidade, mas ganha existência na percepção de cada pessoa que assiste o filme e se reconhece na tela, na humanidade e multiplicidade da dor, dos extremos da dor! Aquela que é sim demasiada quando vivida em isolamento, mas se torna indescritivelmente suportável quando compartilhada.

...Incredibly close - O título (que eu tb amei!) já chama atenção para essa proximidade e essa momentânea unidade advinda do encontro...

Através de um roteiro interessante nos transportamos gradualmente para um universo de dor que não é compreendido na sua totalidade à primeira vista, e nem poderia nunca. Onde faltam palavras capazes de enquadrar os sentimentos, sobra semelhança, identificação, pertencimento; este último tão caro à nossa capacidade de superação. Porque enquanto permanecemos "ensimesmados" na nossas dores, nos nossos arrependimentos, nos nossos mundinhos fechados; na terrível solidão de ser para dentro e não para fora, nesse lugar a dor é realmente indescritível e sufocante.... extremely loud! 
Mas a ação, a possibilidade de olhar para além de si, a busca de algo inevitavelmente leva ao outro e à chance de perceber que a vida pode ser de constante superação e reencontro. 
E isso pois a ação, o sair de si mesmo, leva não apenas ao conhecimento das diversas formas de lidar com dores, perdas, tragédias (a imensidão de vivências de dor); mas também ao encontro real com o outro; lugar onde a dor de cada um ganha uma nova dimensão.

Imperdível!


Beijos!



PS: Max Von Sidow é um dos atores que está muito bem no papel nesse filme; concorre hoje à noite ao oscar de ator coadjuvante e estou torcendo por ele! E Thomas Rorn, o menino que interpreta Oskar Schell, merecia um oscar de ator revelação, categoria que falta no oscar... ; ) 

PS2: Me recuso a usar o título que o filme ganhou em português... péssimo!

PS3: O trailer também é melhor deixar para lá: esqueçam! kkk

4 comentários:

  1. Já vou procurar...
    http://pitadabeauty.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. Oi Denise!
    Já fiquei com vontade ver, apesar de eu sempre evitar dramas... Sou chorona e facilmente perturbável. Heheheh. Se for muito triste eu não aguento...Hahahah

    Bjos!

    www.acasadepandora.com.br

    ResponderExcluir
  3. Depois de ler essa resenha já procurei o torrent do filme! Muito boa, D!

    Beijos

    ResponderExcluir
  4. Paula, Ísis e Dáf,
    depois me contem se gostaram. Eu me emocionei!

    beijos!

    ResponderExcluir

Olá, seja bem-vindo(a),
responderei seu comentário aqui mesmo.
Abraços,