Pablo Neruda dispensa apresentações; um
dos poetas mais lidos, aclamados, publicados e traduzidos em vida do grande
século XX! Ganhou o nobel em 1971 e já era
então um poeta consagrado no mundo inteiro. Ainda assim eu gostaria de falar um
pouco da sua vida antes de contar a minha experiência com a sua poesia única.
Pablo Neruda nasceu no Chile e começou a
escrever poemas desde muito novo. Publicou seu primeiro poema aos 14 anos; com
22 já tinha alguns livros de poesias aclamados em sua terra natal. Depois
viajou o mundo trabalhando como cônsul e passou anos decisivos para sua
vida vivendo na Espanha. Foi grande amigo de poetas como Federico García Lorca,
Miguel Hernandez, Vinícius de Moraes e também aluno de Gabriela Mistral.
Sua vida na Espanha e a experiência da
guerra o marcaram profundamente. Sua relação com o mar, com sua última esposa e
com o destino de sua pátria e sua gente o transformaram nos nosso grande Neruda. ;)
Nasceu chileno, mas se tornou
latinoamericano, espanhol e portador de uma esperança. Nasceu Ricardo, mas se
tornou Pablo: o poeta de Isla Negra, o homem que amava com desespero e ternura,
que gostava de colecionar artefatos ligados ao mar e outros inusitados, que
admirava Matilde, que sabia amar seus amigos com toda sua alma, que nunca
perdeu a capacidade de fazer perguntas e que era solidário a uma
causa. Porque um poeta escolhe o que quer ser, assim como escolhe cada palavra
e cada estrofe de sua poesia. Assim Pablo escolheu ser o grande Neruda e nos
deixou uma obra poética inigualável.
Início de um dos meus poemas favoritos de
Neruda!
Depois veio o Neruda de Barcarola (A preferida? Não consigo escolher, mas amo demais essa poesia...) de Canto General, do belíssimo Reunión bajos las nuevas banderas e de España en el corazón... Não posso deixar de ler esta estrofe inúmeras vezes e sentir um aperto no peito:
"(...) Y una mañana todo estava
ardiendo
y una mañana las hogueras
salían de la tierra
devorando seres
y desde enonces fuego,
pólvora desde entonces
y desde entonces sangre.
Bandidos con aviones y con moros,
Bandidos con sortijas y duquesas,
bandidos con frailes negros bendiciendo
venían por el cielo a matar niños,
y por las calles la sangre de los niños
corría simplemente como sangre de niños.
(...)"
Trecho de España en él corazón,
Pablo Neruda.
E hoje ainda tenho um mundo de poesias do Neruda
para descobrir (que bom!).
As últimas alegrias foram Ode a uma estrela e Livro das perguntas que comprei nas belíssimas edições da Cosac para homenagear o querido poeta.
Neruda merece edições especiais assim; e
como! (e nós, leitores apaixonados, agradecemos!)
Gostei muito dos dois livros, mas O
Livro das perguntas é de uma singeleza imperdível, necessária e vital.
Recomendo com força a todos os que sabem que é melhor ter sempre perguntas do que respostas. ;)
Para terminar este post e começar bem o
dia (rs) dois poemas absolutamente incríveis escritos em 1973
(este também, um ano para não esquecer jamais): Vinicius em homenagem a Neruda
e Pablo: sereno, terno e simples no fim da vida (Pido silencio).
"Breve consideração
à margem do ano assassino de 1973.
Que
ano mais sem critério
Esse
de setenta e três...
Levou
para o cemitério
Três
Pablos de uma só vez.
Tês
Pablos, não três pablinhos
No
tempo como no espaço
Pablos
de muitos caminhos:
Neruda,
Casals, Picasso.
Três Pablos que se empenharam
Contra
o facismo espanhol
Três
Pablos que muito amaram
Três
Pablos cheios de Sol.
Um
trio de imensos Pablos
Em
gênio e demonstração
Feita
de engenho, trabalho
Pincel,
arco e escrita à mão.
Três publicíssimos Pablos
Picasso,
Casals, Neruda
Três
Pablos de muita agenda
Três
Pablos de muita ajuda.
Três
líderes cuja morte
O
mundo inteiro sentiu...
Ô
ano triste e sem sorte:
- VÁ PARA A PUTA QUE O PARIU!"
Vinícius de Moraes (em: História natural de
Pablo Neruda. A elegia que vem de longe).
"Pido
silencio
Ahora me dejen tranquilo
Ahora
se acostumbren sin mí
Yo
voy a cerrar los ojos
Y
solo quiero cinco cosas
Cinco
raizes preferidas
Una
es el amor sin fin
lo
segundo es ver el otoño
No
puedo ser sin que las hojas
vuelen
y vuelvan a la tierra
lo
tercero és el grabe invierno
la
llúvia que a mí
la
acarícia del fuego en el frío silvestre
En
cuarto lugar el verano
redondo
como una sandía
la
quinta cosa son tus ojos
Matilde
mía, bién amada,
no
quiero dormir sin tus ojos
no
quiero ser sin que me mires
Yo
cambio la primavera
por
que me sigas mirando"
Pablo Neruda
Para
ler Neruda (serviço):
Pablo
Neruda Antologia Poética. Livraria José Olympio Editora. (Edição
Bilíngue! Bom preço na Estante Virtual;)
Ode
a uma Estrela, Pablo Neruda. Cosac Naify
Livro
das Perguntas, Pablo Neruda. Cosac Naify (tradução primorosa de
Ferreira Gullar)
História
natural de Pablo Neruda. A elegia que vem de longe, Vinicius de Moraes.
Xilogravuras de Calasans Neto. (Uma belíssima homenagem a Neruda!)
Pablo
Neruda Antología General. Real Academia Española, edición
comemorativa. (MUITO boa, vende com
preço bom na FNAC).
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Oi Denise !
ResponderExcluirAté muito recentemente o único poeta que me mantive lendo foi o Neruda, com certeza meu poeta favorito. É um dos poucos em que seu texto está impregnado de sentimentos, parece que eles evaporam do texto ao longo da leitura, uma analogia boba e bem metaforicamente exagerada, mas a verdade é o que eu sinto quando leio seus poemas, a emoção está presente em cada linha. Bjos
Melissa Padilha
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEstou quase fazendo o movimento #DeniseVoltanoYoutube. Estou com saudade dos seus vídeos. Bjos
ResponderExcluirBom, já comentei que não sou fã de poemas e sonetos, mas Neruda vale por demais.
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