quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Retrospectiva literária 2013

A linda da Lua fez uma Retrospectiva Literária que eu achei muito legal. Então vou aproveitar a ideia dela como se fosse uma tag e responder por aqui também. ;)

Os melhores livros (lidos) de 2013

Respondi em vídeo! E escolhi um montão, ahaha!  ;) 





Os piores

Fiquei feliz em ter dificuldade de encontrar resposta para esta categoria. A verdade é que praticamente só tive leituras excelentes, muito boas e boas em 2013! ;)

Mas vou citar uma que eu não curti, apesar de achar o livro bom e interessante em alguns aspectos: Garota Exemplar. Os personagens me irritaram demais, demais, DEMAIS... Ahaha!

O enredo é muito bom e alguma coisa do debate por traz da construção dos personagens também (apesar dos clichês), mas eu não consegui gostar... mesmo. Terminei de ler, pois é um livro que não dá para largar. Ou seja: li com raiva quase, rs.




 Clássicos do Ano

Os grandes clássicos do (meu) ano foram Anna Kariênina e Crime e castigo. Foi um ano de grandes russos e queria ter lido muitos livros mais do Tolstói e do Dostoievski: escritores apaixonantes e que entraram de vez para minha vida. O plano agora é ler ao menos um livro de cada um deles por ano. ;)

Mas eu li muitos livros que considero clássicos em 2013: Laranja Mecânica, A morte de Ivan Ilitch, As Meninas, Vidas Secas, Tenda dos Milagres, O último dia de um condenado, Na colonia Penal, Maus (clássico das graphic novels), Chamado Selvagem. Que venham mais em 2014!


Gostei (mas não era o momento certo)

Nessa categoria entram dois livros que abandonei a leitura temporariamente apesar de estar gostando; coisa que me dá um mau humos terrível (haha!).

O primeiro é Notre Dame de Paris do Victor Hugo. Creio que li uns 60% do livro e estava aproveitando muito a escrita e as descrições do VH. Parei, pois realmente não era o momento certo; estava com muito trabalho na época e demorava horrores para ler umas dez páginas... Aí acabei "brochando" e resolvi salvar este livro para um momento melhor.

O segundo foi a biografia do Dênis Moraes sobre o Graciliano Ramos e o motivo foi idêntico. (Mas tenho que confessar que acontece comigo uma espécie de "maldição da biografia", sabem como? Tenho ao menos umas três que li pela metade, mesmo gostando muito da leitura... acho isso estranhíssimo. É mais do que Murphy, gente, já é quase uma sina, rs rs).


Gostei, mas esperava mais

O sentido de um fim do Julian Barnes certamente entra na categoria de livros que eu não consegui me envolver, apesar de saber que o livro é bom... E foi bem interessante ver a diferença de perspectivas sobre este livro lá no fórum: teve gente que adorou e teve gente que odiou. Eu, neste caso, fiquei no meio do caminho: gostei, mas esperava muito mais.

Outra leitura que não atendeu bem às minhas expectativas (e que, coincidentemente, também foi debatido no fórum) foi o livro do Amado: Tenda dos Milagres. Eu esperava que ele me arrebatasse, que a leitura fosse extremamente prazerosa, que os personagens fossem carismáticos e interessantes, que o enredo me fizesse rir e refletir tanto como os outros romances de JA que eu tanto gosto. Mas a verdade é que eu achei o enredo interessante, mas não tão bem executado. Achei Pedro Archanjo um personagem fantástico, mas não os demais do livro. A temática é ótima e Amado faz uma crítica muito interessante, mas, como romance, não foi o 5 (excelente) que eu esperava.


Pensei que is ser 3 estrelas, foi 4

Virgens suicidas foi um livro que me surpreendeu muito, pois eu não esperava gostar tanto. Fico até com muita pena que ele não tenha entrado nas 10 melhores leituras do ano, pois realmente é um livro incrível!

Jeffrey Eugenides cria uma atmosfera única com a sua escrita que vai nos envolvendo e não conseguimos largar o livro! Logo no início somos apresentadas ao mistério que ronda as irmãs Lisbon e ficamos sabendo que todas as cinco irmãs se suicidaram em momentos distintos. O que poderia ser uma trama sobre um drama familiar é, na verdade, uma longa reflexão sobre a imagem que construímos dos outros e as pressões na adolescência e na vida "comunitária" em uma cidade (relativamente) pequena americana da década de 80/90... Uma das coisas mais envolventes é o "narrador coletivo" que é formado por um grupo de meninos (homens) que narra a história de como eram fascinados pelas meninas Lisbon e de sua tentativa de dar um sentido à atitude delas de desistir de viver. Recomendo muito a leitura especialmente a pessoas melancólicas (como eu).

E esse foi um dos raros casos em que achei a adaptação cinematográfica tão boa quanto o livro; feito raro conduzido por Sofia Coppola. Vale a pena a dobradinha! ;)

Outro livro que eu poderia citar como uma grande surpresa foi Mar Azul, da paloma Vidal. Um achado mesmo, gostei muito!

Pensei que ia ser 5 estrelas, foi 4

Nessa categoria eu citaria novamente Tenda dos Milagres; mas acho que minha expectativa com relação à este livro (tido pelo próprio Jorge Amado como o melhor dos que escreveu) acabou atrapalhando também.


domingo, 12 de janeiro de 2014

Maratona Literária 2.0: minha meta!

E 2014 começa com mais uma maratona, yey! (já que não corro, as "maratonas" literárias me permitem dar vazão a sede de aventuras e desafios que há em mim, rs).

Dessa vez, estou participando da maratona organizada pelo blog Café com Blá Blá Blá (e outros). Gostei porque as regras são bem simples e cada participante estipula a sua meta! A maratona ocorrerá a partir de amanhã 13/01 até o dia 19/01 e a proposta é que cada um possa então ler mais que o habitual e, assim, estimular e celebrar a leitura. ;)

Todas as informações, regras e como participar (tem que se inscrever!) nos links abaixo:
Blog Café com Blá Blá Blá: http://www.cafecomblablabla.com.br/faq-maratona-literaria/
Face: https://www.facebook.com/MaratonaLiteraria?fref=ts

E agora os livros que selecionei:


Um policial, um romance aclamado, um escritor que quero MUITO conhecer (Naipaul) e uma HQ (mangá, na verdade, rs). Quatro livros; uma semana. E vamos que vamos! (kkk)


1. Um policial (por que eu amo e pq leio mais rápido, haha!)

"A fera interior" dos irmãos Lotte e Soren Hammer é uma trama policial que envolve pedofilia e política: ansiosa, ainda mais que amei "Vestido de Noivo" da mesma coleção da Vertigo... ;)

2. Um mangá

"Gen pés descalços" - Há algum tempo estou com este aclamado mangá aqui em casa. Indicação do super Kalebe (Confira AQUI). Difícil vai ser não continuar com a série, pois parece ser muito, muito bom! ;)



3. Liberdade de Jonathan Frazen - livro que está encalhado na minha estante há uns dois anos... (coisa feia!). Aproveitei que os espanadores o escolheram como livro do mês no Leituras compartilhadas e vou encarar o calhamaço de 600 páginas! Uhuuuuu! (Wish Me Luck! ;)

4. Num Estado livre do Naipaul: vencedor do booker prize de 1971: ótimo livro (acredito) para conhecer o escritor! Estou querendo ler desde o início de dezembro... E essa capa linda?! rs rs

Quem quiser acompanhar atualizações diárias sobre a maratona é só me seguir no face e no instagram (amo!). E para acompanhar os demais participantes vejam a página do face da Maratona Literária 2.0 (link no começo deste post).

Beijos e boa sorte para todos nós!


Facebook: https://www.facebook.com/cemanosdeliteratura
Instagram: @mercedesolhosverdes

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

2X Irã: Lendo Lolita em Teerã e Filhos do Jacarandá

Um romance e um livro de não ficção; duas mulheres unidas pela nacionalidade, por terem escolhido sair de seu país e por escolherem a escrita como forma de dar novo sentido à suas experiências de vida.

Em comum não apenas o período abordado (o Irã pós revolução -1979- até os dias atuais), mas a capacidade e necessidade de transformar o real em experiência literária.

Lendo Lolita em Teerã

O livro de memórias de Azar Nafisi é simplesmente apaixonante! De forma não linear, a autora relembra seu retorno ao Irã em 1979 após a conclusão de seu doutorado em literatura nos EUA, a luta e decepção com os rumos políticos e sociais de seu país e a forma como a literatura permeou sua vida em Teerã; nas universidades que lecionou e nas relações que estabeleceu com suas alunas até 1997, quando decidiu sair do seu país de vez.

Um livro de não-ficção que nos faz entrar na vida da escritora e de suas alunas de forma  intensa e muito bonita também. Parece que estamos ouvindo a autora nos contando seus sonhos, suas emoções e seu amor pelos livros. Em um dado momento eu me sentia na sala de Azar Nafisi junto com Mashid, Manna, Azin, Mitra, Sanaz, Yassi, Nassrin! ;)

As memórias de Nafisi também nos aproximam de forma mais ampla da vida das mulheres no Irã pós revolução de 1979. O relato é rico não apenas em história social, mas por sua crítica literária e pela memória que denuncia a vida em um regime totalitário. A história de vida da autora e de suas alunas é lembrada através dos livros que permearam cada momento vivido e que tornaram possível superar e dar novo significado à vivência permeada de violência, medo e repressão.

O livro é dividido em quatro partes: Lolita, Gatsby, James e Austen.

No início, Nafisi nos conta sobre os encontros do grupo de alunas que reunia secretamente em sua casa para ler e debater obras censuradas pelo regime por volta de 1993 (como Lolita). O grupo se forma depois de Nafisi ter saído da universidade e deixado de lecionar (o que ela contará depois em outras partes do livro).

O amor de Nafisi por Nabokov é contagiante; mas o que ela faz é uma análise de como aspectos da sua literatura tem relação com o que ela e suas alunas viviam em Teerã... E assim em cada parte a autora explora essa ligação entre suas memórias pessoais,  os acontecimentos sociais e políticos e a literatura (em especial a inglesa e norte americana, mas em um sentido mais amplo também).

Difícil dizer qual parte do livro é mais interessante; mas ouso dizer que a terceira parte me tocou de modo especial... Nafisi está contando nessa parte o momento da guerra Irã e Iraque e sua referência é Henry James. O paralelo entre as reflexões que o escritor fez sobre a primeira guerra e como ela o transformou e o olhar de Nafisi sobre o Irã é muito interessante e inspirador...

Um livro verdadeiramente imperdível para os amantes de literatura, sociologia e história!

Filhos do Jacarandá

No seu livro de estréia, Sahar Delijani constrói um romance fragmentado inspirada na vivência de seus familiares na resistência no Irã durante três décadas: de 1983 a 2011.

O desenrolar do enredo nos permite conhecer os dramas de várias gerações com suas diferentes vivências e percepções: os que viveram a resistência e foram presos, torturados e mortos; os seus filhos (que muitas vezes foram morar fora do Irã depois), e também os pais daqueles que eram jovens em 1983 e que cuidaram dos netos que ficaram longe dos pais.

O primeiro capítulo, por exemplo, nos apresenta a história de Azari que teve sua filha Neda em 1983 na prisão de Teerã. O que me impressionou neste capítulo foi como a escrita de Delijani, que é curta, seca e com momentos de lirismo, me fez entrar integralmente na vivência e nos sentimentos de Azari. Um primeiro capítulo muito forte e belo!

Entretanto, ao progredir na leitura não me senti da mesma forma; a estrutura narrativa escolhida por Delijani, fragmentada em vários aspectos, vai afastando o leitor dos personagens, em vez de aproximar. Há, eu diria, uma cisão no livro que faz alusão à forma muito diferente com a qual as distintas gerações experimentaram a violência extrema e o regime totalitário. Apesar de ficar clara a proposta de Delijani, não conseguimos nos envolver igualmente em todos os dramas: parece que faltou corpo ao romance e desenvolvimento dos personagens.

A minha leitura foi muito marcada pelo fato de ter terminado de ler o livros de memórias de Azar Nafisi e estar envolvida em toda a história do Irã nesse período; o que foi muito bom. Porém, do meio para o fim da leitura eu fui me afastando daquela sensação que Delijani me deixou no início de seu texto; a de conjugar força e beleza em sua escrita.

Um dos momentos que mais gostei do livro é a descrição da lembrança de uma das passeatas que ficaram conhecidas como "protestos silenciosos":

"(XXX) se lembra de ver as imagens de um imenso mar de gente andando em silêncio por uma larga ponte. Num silêncio tão grande que ela achou que podia ouvir o som das batidas dos corações. Havia mulheres de véu, homens com lenços verdes amarrados na testa, jovens e velhos, passando diante do olho perplexo da câmera. Uma comprida bandeira verde flutuava acima de todos, erguida pela multidão. Depois de alguns instantes, um trovão irrompeu quando os manifestantes quebraram o silêncio batendo palmas em uníssono. Houve risos quando estranhos se uniram àquela explosão entusiasmada. Logo as palmas ganharam impulso, jorrando da tela para dentro da sala, como pingos de chuva tamborilando no telhado" (pág. 211).

Me arrepiou... 

Por último devo dizer que achei belíssima a capa e a edição de Filhos do Jacarandá. 

Em vários momentos da leitura me peguei admirando e pensando nessa árvore com folhas de borboleta... ;)