sexta-feira, 12 de abril de 2013

16 coisas que sei sobre Chimamanda Adichie


O título deste post é totalmente inspirado em 16 things you didn't know about Chimamanda Adichie.
A ideia me cativou, pois eu queria fazer um texto diferente sobre esta escritora nigeriana que eu tanto admiro! ;)

Conheci Chimamanda no ano passado e li com sofreguidão seus dois romances publicados: Hibisco Roxo (vencedor do Commonwealth Writter's Prize e do Hurston/Wright Legacy, 2003) e Meio Sol Amarelo (vencedor do Orange Prize e do National Book Critics' Circle Award, 2007); só que li na ordem inversa de produção, rs.

Junto com Mia Couto e Ondjaki, Chimamanda me abriu o olhar e a mente para uma nova literatura, para um mundo novo. Foi através de seus livros que passei a dar mais atenção à literatura africana; hoje indispensável na minha vida, mas até então quase desconhecida e inexistente no meu curriculum de leitora...

Eis que venho dividir com vocês as 16 coisas que eu sei sobre a escrita (e a vida) de Chimamanda Ngozie Adichie - e porque eu acho que os livros dela são absolutamente imperdíveis!

1. Meio Sol Amarelo (MSA) é um romance belíssimo sobre sobrevivência, descoberta, escolha e manutenção de  identidades em meio à guerra e à violência extrema.

2. A estrutura narrativa tripartite de MSA permite olhar uma sociedade e as pessoas que nela vivem, com suas diversas características culturais e históricas, sobre prismas diferenciados, multifacetados e profundos. O livro questiona o olhar simplista e os perigos de ver um povo, uma vida, uma cultura e mesmo uma guerra sob um único olhar (Tema que ela trata de forma muito interessante na palestra "O Perigo de uma história única"; não viu? Então veja abaixo correndo!!! ;)



3. Ugwu, Olanna, Odenigbo, Kainene e Richard - os personagens centrais de MSA - não vão te deixar dormir sem lembrar de suas vivências, dores, aspirações e esperanças... São todos inesquecíveis; mas Ugwu e Olanna são meus preferidos; eu praticamente vivi e dormi junto com eles por duas semanas seguidas. ;) 

4. Nesta obra (MSA) nos deparamos com três personagens chave que são como "tipos ideais" escolhidos pela autora para tratar das consequências devastadoras da guerra: Ugwu é um garoto vindo de uma aldeia pequena e que condensa a tradição e a identidade da sua etnia; Olanna é a nigeriana de classe média alta que estudou na Inglaterra e decide voltar para o seu país e participar ativamente de sua reconstrução e Richard é um inglês intrigado pela cultura e pela história nigerianas que não tem desejos de manter suas raízes e sim de criar novas. Mas é claro que estes personagens são muito mais; a tentativa de tipificá-los não visa simplificar e sim entender o ponto de partida de Chimamanda.

5. Todos estes personagens, bem como os demais de MSA, trazem à tona o conflito central do livro: as supostas fronteiras ou os limites entre o étnico, o nacional, o estrangeiro e o humano. A delimitação de identidades através da origem, da história política e social, da ideologia e das crenças e valores; contraposta à unificação do diferente através da humanidade, do amor e do perdão.

6. Entretanto, essa temática (bem como a discussão de fundo de colonização e barbárie), por si só densa e difícil, aparece no livro de Chimamanda a partir da vivência de seus personagens e não de forma direta; o que torna a leitura muito, muito mais palatável, reflexiva e envolvente. A guerra, a dor e o questionamento da realidade ganham carne e substância a partir dos dilemas e escolhas diárias de Olanna, Ugwu e Richard.

7. Em nenhum outro livro que eu tenha lido recentemente vi os temas da fome, da guerra sem sentido e o da violência extrema serem tratados de forma tão forte, realista e, ao mesmo tempo, tão humana quanto em MSA. A escrita, o enredo e os personagens de Chimamanda conseguem isso de uma forma única e muito interessante.

8. MSA também é muito interessante por outros recursos narrativos e pelos elementos históricos que recupera da guerra civil na Nigéria; mas falar aqui sobre eles estragaria a experiência da leitura, o que considero imperdoável. É preciso ler Meio Sol Amarelo; acredite: é impossível continuar o mesmo depois da imersão neste mundo!




















9. Chimamanda nasceu em 1977; tem 35 anos, é casada, mora parte do ano nos Estados Unidos onde leciona e outra parte na Nigéria e já publicou dois romances e um livro de contos. (e eu também - apenas a parte de ter nascido em 1977, claro! Ano fantástico esse, hein? rs).

10.  Hibisco Roxo (HR) é um romance primoroso onde a descoberta do amor, a vivência da dor e da incomunicabilidade se interpenetram em uma história belíssima.

11. 
Em HR acompanhamos Kambili, uma jovem nigeriana de 15 anos, em sua jornada de profundas transformações no seu modo de perceber o mundo ao seu redor. É o desabrochar de uma flor, mas não uma flor como as outras... E sim uma flor rara e linda como o hibisco roxo...




12.  Neste seu primeiro romance, Chimamanda não utiliza recursos narrativos variados: a narração em primeira pessoa de Kambili com o seu desabrochar para a realidade é o maior deles. Fora isso, o enredo contribui bastante para cativar o leitor que tem em mãos novamente (de uma forma completamente diferente) a possibilidade de reflexão sobre os efeitos dramáticos da colonização na Nigéria, a devastação das tradições locais e suas consequências sociais e políticas (não tomadas no plano estatal, mas sim no plano individual; ou seja, no que diz respeito às pessoas comuns).


13. Ngozie, o nome do meio de Chimamanda, quer dizer abençoada

(E Mercedes, o meu nome do meio, quer dizer "dar graças", perdão; ou seja, outra coisa que temos em comum - Chimamanda é abençoada e eu dou graças por mulheres como ela no meu mundo ;)

14. Ouso dizer que os livros de Chimamanda Adichie são como flores para a alma; necessários para retomar em cada um de nós uma das questões mais profundas que nos deparamos ao longo da nossa existência - o que podemos fazer com o que recebemos na nossa vida, na nossa história pessoal? O que queremos ser apesar de, ou melhor, independentemente do que as circunstâncias nas quais vivemos nos impelem?
Ou seja: para refletir sobre o que escolhemos ser, acreditar e como podemos agir no mundo ao nosso redor. Questionamentos estes que são inescapáveis e que eu quero me fazer e responder a cada momento em que elas se colocam na minha vida. E quando a literatura me permite continuar pensando, elaborando e respondendo à estas e outras perguntas; aí é que amo mais ainda esta arte única que é a de escrever estórias e agir através delas na história humana.



15. Comecei a ler os contos de Chimamanda no livro The Thing Around your Neck e posso dizer que as grandes virtudes de sua escrita e seus eixos temáticos principais estão lá em cada história curta e, principalmente, na escolha de personagens e situações vividas.

16. Por último, só tenho a dizer mais uma coisa:
Chimamanda, queremos mais, MUITO mais! 

;)






quarta-feira, 10 de abril de 2013

Os livros do dia!

Nova tag que me deu vontade de começar aqui no blog porque hoje me peguei pensando nisso. Afinal, quantos livros passam por nós a cada dia de diferentes maneiras? 

Tem dias que são muitos, tem dias que pensamos, lemos e devoramos um só livro... e há os raríssimos que passam sem um livro sequer, seja na memória ou na experiência presente (dias tristes, fato!).

Hoje é um dia "típico" para mim: trabalho de manhã e à noite e descanso parte do dia (sim, já estou de volta e no batente! Sobre a viagem, conto mais para frente quando der, rs). Pois em um dia assim -comum - passam muitos livros pela minha jornada; e de diversas formas.

1. Os livros que trouxe para as aulas:

O pequeno sobre Maquiavel foi empréstimo de um aluno: trouxe para devolver e o Skinner é paixão antiga! ;)

Foucault: aquele lindo e esse livro que eu amo!

2. O livro que estou lendo






Ok, essa leitura está arrastada. Primeiro pq viajei por 10 dias e só li no avião na ida e na volta, rs. Segundo porque, apesar de ser um thriller interessante, a temática não tem absolutamente nada a ver com meu momento. 
Eu confesso que comprei esse livro e comecei a leitura por pura CISMA!!!! Sim, sou dessas: não li quase nada sobre o livro, vi metade do vídeo da Cláudia (depois atualizo com o link aqui) e cismei loucamente que tinha que ler para ontem. Já passaram por isso? ; )
E aí que é até interessante, mas eu diria que estou gostando mais ou menos. O ponto é que não tem ressonância com minha vida, então me interessou mais pelo lado do suspense. Resultado? Leitura meio arrastada, mas quero saber o final então persisto. haha

Ah, é sobre um casal em crise, sobre as relações de poder entre homens e mulheres (não achei nada de muito arrebatador e interessante no tratamento dessa questão) e o desaparecimento da esposa, by the way...


3. O livro que meu querido monitor me emprestou e aviso por aqui mesmo que não sei quando devolvo!





Sim, o Thiago fez isso comigo: ao final da aula de hoje de manhã, tirou esse lindeza da mochila e me entregou dizendo: "Olha que lindo o Cortázar que comprei; leva e me devolve amanhã".  
SIM, ele teve a CORAGEM de fazer isso comigo: uma book maníaca em recuperação! (Estou de greve de compras de livros agora depois da viagem, mas isso é assunto para outro post...).

Tão bonitinho esse Cortázar pequenininho... apaixonei! ; )



Ainda bem que tenho meu livro Cortázar em espanhol que encontrei em Paris para me consolar! Porque vai ser muito difícil devolver esse fofo amanhã, rs.


4. Os outros livros que desejei hoje! (e ainda são 17:00! rs rs)



O do Agualusa que quero para ontem depois de ler a super entrevista da Ju com o escritor querido!!! Não leu ainda: corre ! ; )

E abaixo essa biografia diferente do Montaigne que meu amigo está lendo e eu também desejei, claro! rs




Agora quero saber quais livros passaram pelo dia de vocês hoje? Me contem! ; )


Beijos!

segunda-feira, 8 de abril de 2013