terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Uma aprendizagem para a vida com Clarice Lispector



Devo confessar inicialmente que foi com um grande nó na garganta que terminei de ler Uma Aprendizagem ou o livro dos prazeres. Clarice, como sempre, me tocou lá naquele lugar recôndito da alma que por vezes insisto em deixar fechado para continuar vivendo; para não lidar com o fato de que ainda não sei o que quero. Claro está que sem recorrer a este lugar, eu também não existo como gostaria. Por tudo isso é que apenas hoje, quase 15 dias após terminar a leitura, venho escrever sobre o que senti ao ler este livro único.

E o que posso dizer é que em certos momentos minha vontade era conseguir verbalizar como a autora as minhas dúvidas mais profundas; em outros minha identificação com o texto e com Lóri era tal que eu queria fechar correndo o livro e me esconder de mim mesma e do mundo.

Sim, porque Uma Aprendizagem não nos apresenta apenas o drama de Lóri e sua relação com Ulisses; ele nos faz olhar para dentro de nós mesmos e fazer aquelas perguntas mais difíceis e indecifráveis: vivemos com toda nossa possibilidade, com todo nosso ser? Podemos ser felizes algum dia? O que é e como se realiza esta felicidade?

Uma Aprendizagem ou o livro dos prazeres, pág 53.

Clarice não dá respostas, mas faz as perguntas e mostra inquietações como ninguém. Neste momento da minha vida, essa foi a maior virtude da leitura de Uma aprendizagem: recolocar para mim mesma algumas das minhas questões essenciais como pessoa e poder dar voz à elas dentro de mim sem medo em demasia, sem fugas ou subterfúgios.  Certamente é um livro que lerei mais vezes: uma única leitura é muito pouco. Clarice nos pede e nos dá muito mais.

Se você quer se permitir esse encontro com possíveis inquietações do seu íntimo, se você ainda não conhece Clarice ou se você quer lidar com todo o amor que tem dentro de você e não se permite realizar; leia Uma Aprendizagem ou o livro dos prazeres! Provavelmente você não conseguirá mais deixar de se fazer as perguntas necessárias, elas se tornam urgentes para seguir respirando... mas com toda certeza cada respiração sua será diferente: mais viva, mais dura, porém mais inteira do que antes.

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Não posso deixar de finalizar este breve texto sem agradecer à grande amiga Juliana Gervason; quem me indicou este livro e que sempre me inspira pelo que é e por amar tanto a literatura. Obrigada, querida irmã!

E aqui alguns vídeos da Ju sobre Clarice: Enfim, ClariceMais Clarice e Tag Livros e emoções: Clarice. Recomendo todos!!!! ;)


*Este post é a minha primeira resenha para o Desafio Literário 2013. Minha lista de livros para o desafio aqui. :)

sábado, 26 de janeiro de 2013

Retalhos: minha primeira graphic novel!





Olá. meu nome é Denise Mercedes, tenho 35 anos e eu nunca tinha lido uma graphic novel até agora... ;)

E como a primeira vez (quando é boa, claro!) é inesquecível; eis que venho contar da minha experiência de leitura com esta obra incrível do Craig Thompson.




Retalhos é um livro autobiográfico onde Craig relembra especialmente sua infância e adolescência: as suas relações com o irmão mais novo, com seus pais, com a religião e com Raina, seu primeiro amor... O mais impressionante do seu "relato" é como ele é ao mesmo tempo uma sublimação de todas as suas experiências mais marcantes em termos de relações familiares e da influência da religião protestante na sua vida.

O que Craig Thompson trata nos leva a uma identificação imediata; ainda que não tenhamos sido educados da mesma forma, que não tenhamos vivido estas relações da mesma forma. Mas todos fomos adolescentes: todos sofremos algum tipo de "bulling", todos tivemos algum grau de desavenças com as certezas de nossos pais e, especialmente, todos vivemos em algum grau a descoberta do amor. Ah, e como foi bom, como foi difícil e como é bom lembrar... ;)




Grande parte deste quadrinho é dedicada a esta experiência do primeiro amor; fato que é entrelaçado com a sua vida e as dificuldades que Craig enfrentava. É muito interessante a forma como o autor reúne suas memórias e as apresenta através desse casamento entre imagem e palavra. Essa é a parte mais linda em termos de desenho também! Na minha humilde opinião o traço de Craig reúne uma dose de ingenuidade com muita delicadeza e o resultado é belíssimo! ;)
Muito legal a edição da Companhia!

Bom, mas para não deixar vocês sem mais informações substanciais que não estou apta a dar (é a minha primeira experiência em ler graphic novels!), deixo aqui dois links ótimos sobre a obra do Craig: aqui tem um vídeo sobre o quadrinista dos Espanadores, aqueles lindos, e aqui uma resenha muito boa sobre Retalhos do blog Espanadores (sim, os mesmos! rs).
Um abraço e ótimas leituras!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Imany e sua música deliciosa!


Imany, nome escolhido por Nadia Mladjao, é uma cantora sul africana que tem uma voz incrível e uma das músicas mais interessantes e gostosas de dançar juntinho (ou sozinho) dos meus últimos tempos. ;)

Sério: dá para ouvir algumas dessas músicas e não sair dançando e ficar embriagada pela voz dessa mulher?

You will never know é minha preferida, seguida de muito perto por várias outras... =D


(Foto e mais informações no site oficial)




A Versão acústica também é muito, muito linda (não consegui escolher uma só para postar! rs). Ouçam!



E aqui mais duas outras músicas da bela Imany que não me saem da cabeça:

O novo single: (Tente não dançar com essa? Impossível!!!! Muito gostosa!)




Que também tem versão acústica:
=D




E tem também Take Care (of the one you love, take of the one you need) com essa letra e esse balaço LINDOS! (e a versão abaixo do show é de arrepiar! : )



Bom final de semana #seuslindos! E dancem muito: faz bem para tudo! rs 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Sorteio Laranja Mecânica





Sorteio de um livro maravilhoso para comemorar esse ano lindo que se inicia! ; )

(Doar livros é amor demais e faz bem à alma!)


O quê? O prêmio é essa edição linda ao lado do Laranja Mecânica. O livro é novo e foi  financiado por estes meus olhos verdes.

Quem? Podem participar seguidores do blog residentes no Brasil. (Válidas apenas inscrições no "participar deste site" ao lado ; )

Quando? Serão aceitas inscrições de hoje até o dia 31 de janeiro.

Como? Basta inserir os seus dados no formulário abaixo e responder a pergunta.

Onde? O resultado do sorteio sairá aqui mesmo no dia 1 de fevereiro! ; )
O vencedor será contactado imediatamente no email que deixar no formulário e tem cinco dias para responder. Caso contrário, novo sorteio será realizado.

Boa sorte!




A Trégua - Mario Benedetti

Terminei a leitura de A Trégua com o coração em frangalhos e muitas (muitas!) lágrimas na face... O choro copioso, como há muito não sentia, me permitiu extravasar a dor que experimentei com Santomé, o personagem principal da trama. 

Certamente vivi com esta obra um desses momentos inesquecíveis na nossa vida de leitores; um desses espaços ou lugares nos quais entramos através da literatura que são capazes de apagar temporariamente a distância entre a pessoa e o texto. Não há distinção mais entre você e o personagem, entre o passado e o futuro, entre a dor do outro e a sua. Eu era Santomé por um espaço de "tempo" onde o próprio tempo (que separa) não existia mais... Eu e ele estávamos unidos na dor mais absurda e indizível; eu era ele e ele era palpável em mim e não apenas um personagem... Eu, ele, a dor de existir e sermos finitos, a dor de sermos sujeitos ao tempo, à morte... ele-eu e a dor de não podermos nos agarrar em nada mais além de nós mesmos. 

Ah, meu caro Benedetti; como você consegue isso? Como você me faz sair completamente de mim mesma para me encontrar tantas e tantas vezes nas dores e alegrias de outros... E, depois do choro, eu, uma outra que não conheço e eu mesma novamente. Eu mesma, mas uma nova pessoa sempre. Uma pessoa que aprecia e deseja ardentemente essa capacidade poética de viver não apenas a minha própria vida, mas seguir encontrando mundos possíveis a partir das histórias de outros.

No post em homenagem ao Benedetti que fiz para o 365 escritores (aqui) comentei que uma das características que mais me chama atenção nos romances do escritor urguaio é justamente sua habilidade incrível no campo da construção dos personagens. A Trégua confirma essa virtude da escrita de Benedetti e nos leva a conhecer um Martín Santomé inesquecível. Impossível ficar imune a este homem simples, de vida pacata e desinteressante. Sim, é isso mesmo que você leu: Santomé é um homem comum, sem nada de extraórdinário, de heróico ou muito transcendente. A forma como o conhecemos pouco a pouco através do seu diário também não tem nada de fenomenal; em alguns momentos chega a ser até maçante (dá vontade de sacudir o Santomé, rs).

Mas aí vem a trégua... aquele momento de descanso; a paragem temporária de hostilidades. Aquele contexto, tempo, que te permite refletir. E é nessa trégua (com muitas interpretações no livro) que conhecemos Martín Santomé.

Mais não digo, não posso! Vá você mesmo conhecer, se surpreender, se perder e se encontrar em vários momentos do texto. O livro merece que você se perca na leitura, tenha certeza.

Alguns trechos que não comprometem a leitura para deixar aqui um gostinho desse belo livro:

"Quando se está no prórpio foco da vida, é impossível refletir. E eu quero refletir, medir o mais aproximadamente possível esta coisa estranha que está me acontecendo, reconhecer meus próprios sinais , compensar minha falta de juventude com meu excesso de consciência"

"De repente, tive consciência de que aquele momento, aquela fatia de cotidianidade, era o grau máximo de bem-estar, de Ventura."

"Esta manhã tomei um ônibus e desci na agraciada com 19 de Abril. Há anos não andava por aqueles lados. Alimentei a ilusão de estar visitando uma cidade desconhecida. Só agora me dei conta de que me aconstumei a viver em ruas sem árvores. E como podem ser irremediavelmente frias!
Uma das coisas mas agradáveis da vida: ver como o sol se filtra por entre as folhas. "

E, é claro, as pérolas de Benedetti que eu amo:

"O cardápio preparado por Blanca foi o ponto mais alto da noite. Naturalmente, isso também predispõe ao bom humor. Não é de todo absurdo que um frango à portuguesa me deixe mais otimista do que uma tortilla de batatas. Nunca terá ocorrido a nenhum sociólogo efetuar uma cuidadosa análise sobre a influência das digestões na cultura, na economia e na política uruguaias? Como comemos, meu Deus! Na alegria, na dor, no assombro, no desalento. Nossa sensibilidade é primordilmente digestiva. Nossa inata vocação de democratas se apoia num velho postulado: "Todos precisamos comer".

;)

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Yoda 2: a missão!






Esse eu não resisti, hehe. Fofo demais!!! E o Darth Vader com cara de cachorro? Ahaha! 

Tem aqui nessa lojinha ultra fofa! ;)

Beijos!

domingo, 6 de janeiro de 2013

Projeto um conto por dia


Eu tenho um pequeno grande fascínio por coletâneas de contos... especialmente de suspense, horror e fantásticos. Do tipo: cada livro novo de contos desses gêneros que eu vejo faz meu coração suspirar... e meu cartão de crédito sofrer. rs

Os 100 Melhores Contos de Crime e Mistério da Literatura Universal (Organização de Flávio Moreira da Costa) foi um dos meus primeiros livros de contos: ganhei de aniversário em 2003 ou 2004 e, desde então, minha coleção aumentou um pouquinho. Let's see? rs.


Muito amor, não é? ;)

(e ainda lembrei que faltaram dois na foto - fora a última compra! Haha)

No ano passado eu li A coletânea Contos de Horror no Século XIX, seleção de Alberto Manguel; excelente! Em 2011 a leitura foi de Contos Fantásticos do Século XIX escolhidos por Ítalo Calvino. Os outros livros da foto acima (com exceção do 100 Melhores de Crime e Mistério) chegaram na minha estante ano passado e estão virgens. =D

Daí fiquei pensando aqui com meus botões que os meus amados livros precisam sair para passear um pouco! Sim; precisam se movimentar, alongar, "ver gente"... sabem como é? Ora essa, os livros também precisam de um pouco de ar! rs rs.

Índice: 100 melhores de crime e mistério - parte 1


Como estou com muitos (muitos mesmo!) romances e livros de poesia na fila de leitura, resolvi modificar minha relação com os livros de contos daqui para a frente. De agora em diante lerei coletâneas de contos como se fossem coluna de jornal: um por dia! ;)


O "projeto", porque estou com vontade de nomear tudo agora assim, se chama Um conto por Dia (quanta originalidade! rs) e começa já; ou seja, hoje.

E o início é justamente com os contos abandonados da minha coletânea primogênita: a de Crime e Mistério.

Na época que ganhei li aproximadamente a metade do total de contos escolhidos; vários foram deixados para trás por serem muito antigos ou simplesmente por serem de autores desconhecidos para estes meus olhos verdes na época.




Parte 2 - Índice 100 melhores...


O ponto de partida será então com os contos iniciais da coletânea, seguidos dos muitos abandonadinhos no meio do livro.

Uma vez por semana pretendo falar por aqui das leituras e dos contos mais amados até o momento, ok? ;)

E vocês: amam contos de horror, mistério e fantásticos? Animam de entrar comigo nessa jornada?

(Claro que outros tipos de contos também podem e devem entrar na jogada.)

Na sequência devo enveredar pela coletâneas de contos do Onetti e do Maupassant. Ah, 2013 promete... rs.

Abraços e boas leituras!

PS: Por favor: NÃO me recomendem mais coletâneas de contos nos comentários. POR FAVOR! ;)

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Desafio Literário 2013 - A Lista!




Começou o ano e também o Desafio Literário 2013 (não conhece: clica no link!). Eu já tinha feito um post (aqui) e um Vídeo para o Canal comentando meus preparativos.

Eis agora, minha lista final:

Janeiro - Tema livre: Uma Aprendizagem ou o livro dos prazeres, Clarice Lispector
                                    As Irmãs Makioka, Junichiro Tanizaki

Fevereiro - Livros que nos façam rir: O restaurante do fim do Universo, Douglas Adams

Março - Animais Protagonistas: Fup, Jim Dodge
                                                     Chamado Selvagem, Jack London

Abril - Uma ou mais das quatro estações no título: O Outono do Patriarca, Gabriel García Marquez

Maio - Livros citados em filmes: Anna Kariênina, Liev Tolstói

Junho - Romance psicológico: O Morro dos Ventos Uivantes, Emily Bronte
                                                  Crime e Castigo, Dostoievski

Julho - Cor ou Cores no título: A Casa Verde, Mario Vargas Llosa

Agosto - Vingança: O Conde de Monte Cristo, Alexandre Dumas

Setembro - Autores portugueses contemporâneos: Os Íntimos, Inês Pedrosa

Outubro - Histórias de superação: Extremamente Alto e Incrivelmente Perto, Jonathan Safran Foer

Novembro - Livros que foram banidos: Lolita, Nabokov

Dezembro - Natal: Um Conto de Natal, Charles Dickens


* Nos meses em que incluí dois livros tentarei ao máximo cumprir e postar as duas resenhas; mas também ficarei satisfeita se conseguir publicar apenas uma. ; )

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

365 dias para realizar novos projetos!

Oi gente linda,
como foram de virada de ano?

Eu confesso que estou amando este ano "novo" para chamar de meu: 2012 foi um ano fortíssimo na minha vida e o mês de dezembro concretizou esforços importantes, mas também foi um alívio que tenha acabado, rs.
Para 2013 não tenho nenhuma promessa louca, apenas uma vontade muito grande de seguir meus próprios desejos e cumprir projetos.

Eis que um deles já saiu do forno:

365 dias do ano = 365 escritores, sete autoras e muito amor! E está tão lindo o novo blog, gente!!!

Passa lá para conhecer: 365 escritores. ;)

O post de hoje é sobre o único: Mario Benedetti!




Espero que vocês gostem e nos acompanhem nessa deliciosa empreitada. =D

E meu desejo que 2013 seja de fortes emoções e muita paz para todos nós!

Beijos!